domingo, novembro 23, 2008

Desabafo

Qm me segue há mui tempo sabe q em momentos dificeis me isolo, talvez pq n saiba lidar c este tipo de situações, raramente encontro palavras para dizer a alguem q se encontre numa situação como a q estou a viver.

Eu perdi o meu Pá, ele partiu...dói mui, dói demais. Eu nunca mais o vou ter comigo, nunca mais o vou acompanhar a lugar algum, nunca mais nos vamos rir juntos, nunca mais vou sentir o medo q sentia ao acorda lo de manhã para lhe dar a medicação e o pequeno almoço, sim medo, pq eu morria de medo q ele n acordasse, nunca mais vou senta lo no "ferrari" dele ...é tudo nunca, tudo nunca mais...

Agora só me resta uma opção, seguir enfrente, pelos meninos dos olhos do meu pai, os meus filhos, e pela menina dos olhos dele tb, a minha mãe.

O meu Pá jamais desejaria q andássemos a bater c a cabeça na parede por o perdermos, principalmente no lamentável estado físico em q estava e pelo terror (elevado a vinte cinco) psicológico q vivia e n dividia c ninguem. Dividir o q sentia, desabafar, mas para k?? bastava imaginar ao de leve o q ía nakela cabecinha para q as palavras n tivessem o minimo de valor.

Seria eguísta se n entende se a partida dele como um ponto final paragrafo ao seu sofrimento atroz. O SOFRIMENTO DELE ACABOU. É aki q vou buscar a força, tenho a certeza q o meu pá encontrou finalmente a paz q tanto merecia. Assim como acho, pois jamais terei a certeza, q ele se sente orgulhoso por eu pensar assim. Aposto q lá de onde está se ri e diz: "esta gaja é minha filha"...

Remorsos n existem, fiz e fizemos tudo o q podiamos por ele, tudo...Amparo, conforto, carinho, amor, companhia...tudo...

Na noite de quinta feira estava tudo bem, tudo decorreu como habitualmente, na hora de servir o jantar eu levantei o da cama para o "ferrari" (cadeirinha de rodas), jantamos e no final do jantar ele fez um grande elogio ao jantar, estava satisfeito, satisfeitissimo, pois n me lembrava de o ouvir a fazer tamanho elogio, depois comeu a sopa mas n quis sobremesa, disse q sentia um piko no peito e n lhe apetecia nada frio, pois por norma comia uma maça...entretanto já eu levantava o ultimo prato da mesa e ele pediu me para o deitar, pois estava c akele "pikinho" e keria ver se acalmava deitado...Fui deita lo, brincamos:

- pá pq travas o ferrari quando eu o conduzo?? ele tem os pneus xeios e é sempre a bombar por aí fora...é uma maravilha, olha pa isto, até voa carago :))
- éié, se eu n metesse as mãos nas rodas tu já tinhas deitado a casa abaixo... :))
- lolol, tens a mania q és bom conductor tu, tens tens...tu num bês cassim vais magoando os dedos ao passarmos nas portas??!!

E deitei o, pediu me para o deixar de barriga para cima para descansar um bocadinho, aconxeguei lhe a almofadinha aos tokinhos, pois ele n os esticava, ou seja, o meu pai deitado tinha a mesma posição de sentado, tapei o e baixei a luz do quarto, perguntei lhe se estava bem assim ou se keria mais alta ou mais baixa uma vez q o interruptor regula a intensidade da luz, respondeu q estava optima. Fui acabar de ver o programa de videos na sic, ele esteve entretido tb c a televisão a ver um dos seus programas preferidos, o do malato na rtp1, entretanto eu arrumei a cozinha e vim ao pc para falar c uma nininha, mas só tive tempo para ver uns mail's pq a minha má xamou me:

- Xanaaaaa, xanaaaaaaaa, anda cá depressa...

Lá fui eu...deparo me c o meu Pá c uma tosse horrível, quase n conseguia falar, a cada segundo piorava, peguei nele e levantei o, sentei o, levantei a cama para o apoiar mas a tosse n parava e ele escorria litros de água de suor...o olhar do meu pá era diferente, um olhar de pânico, de desespero, era de tal forma q eu n sabia o q fazer para o aliviar, até q numa fracção de milésimos de segundo a minha má diz q ele tem q ir para o hospital, mas ele dizia q não queria ir q n precisava, até q eu disse q ele iria mesmo, pois precisava de ser aspirado, akela especturação tinha q sair, e enquanto ele se contorcia eu fui me vestir pois estava já de pijama, foi rápido, n demorei, voltei para a beira dele, entretanto a minha má já tinha xamado os bombeiros, enquanto esperavamos ele pede pa baixar a cama, quase n o percebiamos, a tosse era horrivel e fazia lhe faltar o ar. Baixei a cama...a tosse pára, a minha má segura lhe num braço e larga o para pegar num toalhete q estava na cama dela pousado, virou se e n viu o braço cair, mas eu vi, o braço cai na cama, morto, eu peguei lhe no outro, n tava a acreditar, e larguei o tb, tb caíu, morto, agarrei o meu pá e xamava o desesperada, pedi lhe para q n fexasse os olhos, pedi lhe pa falar comigo, abanava o cada vez mais desesperada, pedi pa olhar pa mim e foi quando ele fixou os olhos no xão, suspirou 3 vezes e partiu...tudo isto aconteceu em menos de 10 minutos.
Eu gritava por ele, a minha mãe perdeu o controle, o meu Ju largou os nininhos um cadinho e veio ter comigo, sentiu lhe o pulso, n havia pulsações, olhou pa mim e abanou a cabeça. Entretanto toca a campaínha, eram os bombeiros, entraram e pediram q levasse a minha má dali, começaram a reanima lo c a porta fexada mas eu disse lhes q nunca deixei o meu pá sózinho pa nada por isso queria ver. Ao mesmo tempo olhei o bombeiro nos olhos e abanei a cabeça negativamente como procurando uma confirmação akeles 3 ultimos suspiros, o bombeiro afirmou o q eu pensava, mas n desistiram de tentar a reanimação ao mesmo tempo q me pediam para ir aguardar a viatura médica do inem, nesse entretanto eu já havia ligado para a minha irmã para avisa la q viesse rapidamente, o desespero era tanto q só me lembro de termos falado aos gritos e quase n nos percebemos uma à outra. Já eu estava na porta a aguadar a xegada do médico quando ela xegou, ela subiu, e eu continuei na porta desesperada pq o médico n xegava, o meu cunhado tb fikou ali comigo. Até q após alguns minutos subi outra vez para ver o q estava a acontecer, a minha mãe tava um cadinho mais calma, só xorava, a minha irmã xorava na porta do quarto e tentava ouvir algo, o meu Ju estava c os nossos nininhos q tavam apavorados c tudo no quartinho deles, eu voltei a entrar no quarto e os bombeiros continuavam a reanimação, agora usando mascara, desci outra vez e xegou o médico, subimos, indikei lhe o quarto, ele entrou e pediu me para aguardar do lado de fora, mas assim como a fexou, logo de seguida voltou a abrirpara me confirmar akilo q eu já sabia, q nada mais havia a fazer...perguntou me q doenças tinha, disse lhe algumas, e peguei num relatório médico do meu pá e entreguei lhe para q n me escapasse nada...leu e disse me:

- Lamento mui, mas nada mais podemos fazer, a artéria (apontou ao coração) calcificou...

Foi o fim...a porta do quarto fexada, os bombeiros, a enfermeira, o médico, o meu pá e eu lá dentro, eu n conseguia dizer uma letra, eles pediam me para ter calma, eu tremia como varas verdes, até q me agarrou as mãos e disse:

- Alguem tem q manter a calma, tem q me ouvir, pq eu agora só tenho duas hipoteses: ou vocês xamam um médico vosso amigo para q venha aki assinar o óbito ou terei q xamar eu a autoridade e eles vêm aki e levam o seu pai para o instituto de medicina legal...
- para o instituto??????????????? pk????????????? eu n kero o meu pá no instituto, eu n kero q tokem no meu pá...
- conhecem algum médico q possam xamar aki para assinar o óbito?? só assim poderei "deixar" o seu pai aki...
- dá me um minuto??
- sim, claro q sim...

Agarrei no telefone e liguei para a minha cunhada, já passava da meia hora da madrugada, eu sei q a assustei, mas foi nela q pensei para me arranjar um médico amigo, mas foi em vão, pois a minha outra cunhada lembrou se do armador q prontamente se pôs em minha casa e xamou o médico...problema resolvido, o meu pai n iria para o instituto.

O pessoal q aki esteve foi impecável, desde o médiko aos bombeiros, atenciosos, carinhosos, compreensiveis, foram humanos.

Ficamos de vigilia a noite inteira, pela manhã seguimos para a capela. Ontem, sabado, enterramos o meu pá...consegui uma missa de corpo presente, pois era muita gente e se a ideia q o senhor padre tinha de fazer akela pequena cerimónia na capela fosse para a frente, metade das pessoas n assistiriam, pois n cabiam lá dentro. O meu pá merecia um missa aconchegante, uma despida "em grande". e teve...

No cemitério só consegui atirar a flôr q roubei de uma das coroas para junto dakela cova horrorosa, uma rosa amarela, quando disse a ultima vez adeus ao meu pá tiraram me de lá...agarram me...eu fui me abaixo...

No meio de toda a tristeza, de toda a angustia, de toda a dor, algo nos reconfortava o coração, a quantidade de abraços q recebiamos, a quantidade de pessoas q o admiravam, o sem numero de amigos q lhe disseram ADEUS, a bela quantidade de lindas flores depositadas junto da urna dele.

Foi...reconfortante...por demais...

Eu pensava o quanto me enganei ao dizer q ele perdera todos os amigos q tinha, eu errei ao pensar assim, pois toda a gente q esteve presente me fez ver isso mesmo, q ele tinha tantos amigos q o amavam...amigos de tantos momentos felizes c qm já n nos cruzavamos há anos, fizeram questão de se despedirem dele...

Foi igualmente reconfortante todas as sms's, e todos os e-mail's q recebi, todos akeles abraços q me enviavam, todos os beijos q me mandaram, todas as palavras q me escreveram foram devoradas...Obrigadu a todos, mui obrigadu a todos q estiveram presentes fisicamente e aos q estiveram ausentes de presença fisica. Obrigadu pela me força q me deram...OBRIGADU do fundo do meu coração...

Obrigadu António Sabão, foi uma bela homenagem q fizes te ao meu Pá, obrigadu amigo.

Anatcatita, obrigadu pelos teus olhos q te fizeram escrever lindas palavras, obrigadu por teres tão belos sentimentos.

Se tiveram paciencia para me lerem até aki, desculpem me, eu precisava escrever tudo...mui obrigada pela vossa atenção.

beijos a todos

Sandra.

nb - tou bem, compreendo e aceito a partida repentina do meu pá, só n me peçam para tirar esta dor daki da minha caixinha vermelha, ainda está mui viva, mui fresca, mas vai acalmar, serenar...eu sei q vai...

6 comentários:

O Micróbio II disse...

Espero que esta descrição te tenha feito "explodir" um pouco...

Sandra. disse...

sim fez miau, é bom falar nele. já sei q fui buscar mui coisas q n devia, mas só vi isso depois de ter postado.Mas acredita, fez me mui bem.

besuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuus e bigadu

Anónimo disse...

fofinha,

cá estarei sempre a ler-te, mais participativa ou menos, cá estarei

qualquer coisa, tens o mail

com carinho
Ana

Tá-se bem! disse...

Existem pessoas que preferem não falar. Pessoalmente acho que faz bem desabafar.. mas também costumo isolar-me na dor..

A única forma de enfrentar a dor da perda da minha mãe, foi manter a minha mente ocupada com o sorriso do meu filho!

Culpo-me ainda hoje por não ter ficado até ao fim... morreu sozinha no hospital

És uma boa filha e eu orgulho-me de te "conhecer"

Beijos e muita força

Anónimo disse...

Alguem te roubo uma parte de ti, da tua vida, mas es uma pessoa forte e corajosa com capacidade de te adapatar as dificuldades.Força Sandra.

A minha sincera e sentida homenagem
Sandro.

Sandra. disse...

Bigadu Sandro.

Tenho pensado em ti, axo q esperava uma palavra tua, afinal nos momentos mais complicados q vou passando tu apareces c o teu dom de me fazer esboçar um sorriso, neste momento só um smile terno e grato (nhónhinhas pq é assim q me sinto...)(:

abraço e beijas

Sandra.